quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Resenha do livro - As Rosas e a Revolução


A obra da jornalista Eliana Natividade que escreve sob o pseudônimo Karina Dias foi publicada pela editora ENC Comunicação. É dividida em três fases: foca primeiramente na descoberta da sexualidade de Vilma e com o seu rompimento aos conceitos arcaicos, na segunda fase explora seu cotidiano em São Paulo, sua militância acadêmica, seu trabalho no jornal, vivencia da sua sexualidade e na terceira fase explora o universo de um homem religioso que tem dificuldade de enxergar a vida fora de tal religiosidade.


                   


Karina Dias

A seguir irei apontar alguns acontecimentos importantes na vida da protagonista para assim entenderem o que a motivou se transformar de uma adolescente alheia aos acontecidos para uma militante política contra a ditadura.

Vilma Solano é a filha de um general do exército que tem a sua vida mudada quando aceita o convite de sua amiga Maristella para irem a um bar chamado Calabouço.

Chegando ao local. Ela se depara com jovens fazendo cartazes, conversando sobre repressão e como eles teriam de lutar para viverem livres. Estava atordoada se perguntava o que lá fazia. Enquanto isso, a sua amiga olhava com desejo para aqueles jovens cabeludos e roupas descoladas e pensava como eram fortes, rústicos e comunistas.

De repente, naquele dia acontece um ataque policial ao local e os jovens temendo por suas vidas saem em disparada pelas ruas e em meio a essa confusão Vilma é resgatada por uma jovem de cabelos encaracolados, vestida com trajes, sandálias, bolsa tudo rabiscado de tinta.
Algum tempo depois se despediram e Vilma agradecida passou o telefone de sua casa para a desconhecida que lhe salvou do incidente.

Depois de alguns dias e muitos contratempos ela finalmente consegue falar com a moça e marcam um encontro.

Quando se encontram após o confronto conversam e finalmente se apresentam. Passado algum tempo, Alda (a menina que a salvou) lhe convida para uma manifestação.

Chegando ao local da manifestação Vilma que até então era alheia a questões políticas se vê em mar de gente gritando palavras de ordem como: “Abaixo ao imperialismo”, ”Abaixo a ditadura” e “Abaixo a opressão, assim eu falo”.

O evento na Cinelândia tratava-se do funeral do jovem Edson Luís de Lima Souto que foi um estudante secundarista brasileiro assassinado por policiais militares durante um confronto no restaurante Calabouço, centro do Rio de Janeiro. Seu assassinato marcou o início de um ano turbulento de intensas mobilizações contra o regime militar que endureceu até decretar o chamado AI-5. (Ato Institucional, Nº5).

Uma homenagem a Edson é realizada alguns dias depois. Vilma comparece ao lado de Alda. Devido a conflitos entre policiais e estudantes ela é levada por Alda ao aparelho de Botafogo. Carlos, Vando e Regina desconfiam dela ao descobrirem que é filha de um militar.

A sós Vilma e Alda conversam na cozinha do local. Quando de repente Alda deixa cair cinzas de cigarro na blusa de Vilma e logo bate as mãos para limpá-los. E a encara profundamente, desliza mão por seu rosto e puxou o queixo.

Seu coração bateu tão perto dela. Vilma olhou aquela mulher como se ela fosse uma imagem de santo.

Em meio à resistência de Vilma elas se beijaram e isso acaba provocando revoluções intimas em seu ser.

Vilma depois do acontecido discute com Alda alegando que aquilo era antinatural que desejava casar e ter filhos e sai apressadamente do local.

Quando chega a sua casa, Vilma percebeu que os seus sentimentos estavam aflorados e se viu apaixonada por uma mulher. E seu corpo fora despertada de um sono profundo.

Passado algum tempo Vilma vai ao aparelho (esconderijo) procurar a sua amada. Alda foi a um evento em homenagem a Edson e apareceu machucada. Vilma cuidou de seus ferimentos e ficou com ela. Enquanto isso, Carlos e Vando discutiam por terem deixado Regina para trás e logo ela apareceu para a tranquilidade de todos.

Na missa de sétimo dia de Edson, apareceram aviões da FAB (Força Aérea Brasileira), cavalaria da policia e exército. Visando proteger os jovens daquele cenário de guerra padres ergueram as mãos pedindo clemência para os jovens saírem do local em segurança. Aproveitando – se desse momento Alda e Vilma correm velozmente para logo chegarem ao aparelho de Botafogo.

Quando lá chegam avistaram carros de policia no local e Alda pensou que ele tivesse sido estourado. Vilma perguntou para onde iriam e Alda dizendo para ela ir para casa que em sua situação daria um jeito. Insistentemente Vilma consegue que sua destemida namorada vá com ela rumo ao seu lar.

Ela a esconde em seu quarto já que o pai devido a manifestações ficava mais no quartel e a governanta ficava ocupada com os afazeres e com sua mãe enferma. Aproveitou a circunstância para trazê-la pela porta dos fundos e andaram sorrateiramente pelos corredores que davam até o seu quarto.

Fizeram amor pela primeira vez de forma romântica, intensa e delicada. No dia seguinte Alda liga para os seus companheiros dizendo estar bem e que logo estaria junto deles.

Aproveitam o dia para estarem juntas e vão a praia. Lá, sonham como qualquer casal no dia em que poderiam andar livremente de mãos dadas e fazer programas típicos de um jovem casal como, por exemplo, ir ao cinema.

Devido à convivência com Alda, Vilma passou a participar de passeatas e o sentimento de luta se mesclava ao amor que nutria por sua namorada.

Alda a levou para a sua casa que estava fechada desde que os seus pais mudaram para o Uruguai. Elas fizeram amor pela segunda vez e Vilma ganhou presentes muito significativos de sua destemida namorada. O livro “O Capital”  de Karl Marx e um goro como o de Che Chevara. 

Nos tempos atuais Miguel um homem religioso morava com o seu irmão Marcelo. Tudo muda quando um dia ele chega em sua casa e flagra o irmão Marcelo beijando Leonel e expulsa o irmão de casa alegando que ele era aberração e que estava praticando atos ímpios e que Deus não aprovava aquilo. Vendeu a casa e logo comprou uma menor. Nela encontra um caderno de memórias e fica curioso em saber a quem pertencia aquele caderno, e isso muda a sua vida radicalmente.

Quando vai a imobiliária perguntar se alguém saberia de quem seria aquele caderno a recepcionista disse saber quem era a dona e o conduziu até aquela que seria a proprietária daquele objeto. A partir daí a vida de Miguel passou a sofrer inúmeras reviravoltas.

A escritora em sua obra traz a mensagem que sempre termos de lutar por liberdade. Que não se precisa ser diretamente a vitima de opressão para se estar a favor de uma luta basta ser alguém que se coloque no lugar do sofrimento do outro.

Vivenciar todos os momentos ao lado de quem se ama, pois não sabemos quando este alguém irá se despedir desse espetáculo que é viver.

Que ter coragem muitas vezes é saber o momento de recuar de ações extremadas e outras vezes por mais difícil que seja a realização de seu desejo lutar por ele significa a sua felicidade.

O verdadeiro amigo não é aquele que te apresenta às vantagens e sim aquele que te propõe vencer as adversidades.

A vida é dinâmica e por isso nos leva por caminhos desconhecidos. Se entregar a eles é o que nos fazer sentir o que é viver de fato. Pois, ter uma biografia baseada em valores alheios e vazios lhe fará sofrer e escrevê-la cheia de amarguras.

Um dos momentos mais marcantes presente na obra é quando Vilma se despediu da mãe e lembrou que ela sempre dizia nunca desista de seus sonhos, mesmo que eles pareçam impossíveis.

Por isso, lute por ser quem é na realidade e nunca deixe que a sociedade através de suas instituições destrua os seus sonhos e suas verdades. Através de sua luta estará abrindo caminhos para as futuras gerações serem mais compreensivas com as diferenças existentes e assim poderemos construir um mundo melhor de fato para todos.



Link nos qual poderá adquirir seu exemplar caso tenha interesse em comprá-lo:


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Espero que tenham gostado. Em breve novas resenhas! 


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