sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Resenha do livro Mulheres que não sabem chorar

A obra da escritora Lilian Farias retrata como duas mulheres maduras passam a se amar depois de muitos desencontros que tiveram em suas vidas.

                                             

Marisa, 55 anos, mãe de dois filhos, florista e empresária, com uma vida estável então focada nos negócios e em cuidar de seus filhos, que não se percebia como mulher. Eventualmente tinha alguns relacionamentos casuais para dar satisfação aos seus pais e à sociedade e quando eles morrem, passa a viver mais o seu lado profissional.

Olga, divorciada, mãe de uma filha doente terminal, que devido a decepções tidas passou a usar o álcool como válvula de escape e que por isso, teve seu casamento desfeito. Sua personalidade articulada e observadora se perdia em seu vício, então passou a negligenciar cuidados com sua aparência e sua casa.

Essas vizinhas com personalidades e trajetórias tão opostas que se cruzam em um momento de em que Olga é exposta a uma extrema vulnerabilidade. A partir disso, elas passam a conviver mais e mais. De uma forma inusitada, iniciam um relacionamento amoroso que as faz questionar se realmente foram felizes em suas escolhas.

Dois aspectos interessantes do livro que relatam bem as contradições existentes no amor e que muitas vezes passam desapercebidas nas histórias adocicadas e tão clichês que não nos são vendidas pela grande mídia:

“O amor nos coloca em contato com o que temos de pior; quando nos abrimos para amar, sabemos que iremos experimentar, até esgotar e se renovar, o melhor; o dilema se contrapõe a isso: entramos em contato com o que temos de pior e responsabilizamos o mundo por isso”.
“Não é colocar expectativas nos outros, é estar preparado para conviver com o caos que nos habita.”

O livro expõe questões como a lesbofobia, a violência contra a mulher, o machismo, o preconceito advindo das próprias mulheres em viver uma relação homossexual, as histórias de mulheres em manicômios na década de 80 e também que as mulheres para não serem massacradas nesse mundo machista muitas vezes têm de ser fortes a qualquer custo, muitas vezes se privando de expressar seus sentimentos e sendo levadas a serem seres mais calculistas, perdendo-se em si mesmas e já não sabendo como vivenciar o amor.

Todos nós, em algum ponto de nossas vidas, cometemos erros - seja por imaturidade, seja por falta de coragem de assumir quem somos. No livro isso é mostrado quando Olga, depois de vivenciar o amor nos braços de Marisa, entra em contato com o seu ex-marido, Carlos, para expor suas razões e buscar de certa forma que ele a perdoe por tudo que ela lhe fez passar durante o tempo em que estiveram juntos.

Uma das coisas que mais me chamaram a atenção na obra foi a autora usar em cada capitulo da obra um nome de flor, homenageando a profissão de uma das protagonistas do romance. Salienta, ainda, a delicadeza, fortaleza e beleza existente nas flores e como cada mulher pode representada por cada uma delas.

As mensagens trazidas por “Mulheres que não sabem chorar” são que reconcliar-se com o passado é algo que deve ser feito a fim de esclarecer os nossos porquês, por erramos demasiadamente com os outros, pelo fato de estarmos vivenciando uma mentira impostamente socialmente e por nós mesmos com o objetivo de sobreviver neste mundo hipócrita e conversador; que o amor é um sentimento avalassador e pode nos levar a cometer atos terríveis contra nós e a pessoa que amamos; devido a pressões sociais, acabarmos vivenciando uma vida dupla para não expressarmos a nossa real face e evitar represálias sociais; encontrar a pessoa que tanto desejamos encontrar é algo que acontece quando menos se espera; uma relação sexual entre mulheres é intensa e ao mesmo tempo leve, por elas focarem em explorar seus corpos sem pudores; ressaltar um papel dominador machista que acontece em muitos casos mesmo em uma relação heterossexual; que o preconceito que existente em relação a homossexualidade faz com que muitas pessoas a vivenciem tardiamente em suas trajetórias, podendo libertá-las ou aprisioná-las dependendo de como as pessoas envolvidas conduzem o seu relacionamento.

A frase abaixo rege Marisa em relação a Olga e atualmente muitas histórias de amor funcionam com essa mesma premissa.
Eu a amava, só não sabia o que fazer com o amor.

 Lilian Farias 

Uma música que ilustraria bem essa leitura, para melhor compreendê-la, seria Always, interpretada por Bon Jovi:

Now your pictures that you left behind 
Agora suas fotos que você deixou para trás
Are just memories of a different life
São memórias de uma vida diferente
Some that made us laugh
Algumas que nos fizeram rir
Some that made us cry
Algumas que nos fizeram chorar
One that made you have to say good bye
 Uma que te fez dizer adeus

Link no qual poderá encontrar seu exemplar caso tenha interesse em comprá-lo: http://www.editoraliterata.com.br/p/romances.html

Caso tenha interesse em conversar a escritora Lilian Farias sobre a obra, seu perfil no facebook é:

E a fanpage do livro para quem se interessar em compartilhar a sua experiência de leitura com outros.


Espero que tenham gostado. Em breve novas resenhas!