A
obra da escritora Lilian Farias retrata como duas mulheres maduras passam a se
amar depois de muitos desencontros que tiveram em suas vidas.
Marisa,
55 anos, mãe de dois filhos, florista e empresária, com uma vida estável então
focada nos negócios e em cuidar de seus filhos, que não se percebia como
mulher. Eventualmente tinha alguns relacionamentos casuais para dar satisfação
aos seus pais e à sociedade e quando eles morrem, passa a viver mais o seu lado
profissional.
Olga,
divorciada, mãe de uma filha doente terminal, que devido a decepções tidas
passou a usar o álcool como válvula de escape e que por isso, teve seu
casamento desfeito. Sua personalidade articulada e observadora se perdia em seu
vício, então passou a negligenciar cuidados com sua aparência e sua casa.
Essas
vizinhas com personalidades e trajetórias tão opostas que se cruzam em um
momento de em que Olga é exposta a uma extrema vulnerabilidade. A partir disso,
elas passam a conviver mais e mais. De uma forma inusitada, iniciam um
relacionamento amoroso que as faz questionar se realmente foram felizes em suas
escolhas.
Dois
aspectos interessantes do livro que relatam bem as contradições existentes no
amor e que muitas vezes passam desapercebidas nas histórias adocicadas e tão
clichês que não nos são vendidas pela grande mídia:
“O amor nos coloca em
contato com o que temos de pior; quando nos abrimos para amar, sabemos que
iremos experimentar, até esgotar e se renovar, o melhor; o dilema se contrapõe
a isso: entramos em contato com o que temos de pior e responsabilizamos o mundo
por isso”.
“Não é colocar
expectativas nos outros, é estar preparado para conviver com o caos que nos
habita.”
O
livro expõe questões como a lesbofobia, a violência contra a mulher, o machismo,
o preconceito advindo das próprias mulheres em viver uma relação homossexual, as
histórias de mulheres em manicômios na década de 80 e também que as mulheres
para não serem massacradas nesse mundo machista muitas vezes têm de ser fortes
a qualquer custo, muitas vezes se privando de expressar seus sentimentos e
sendo levadas a serem seres mais calculistas, perdendo-se em si mesmas e já não
sabendo como vivenciar o amor.
Todos
nós, em algum ponto de nossas vidas, cometemos erros - seja por imaturidade,
seja por falta de coragem de assumir quem somos. No livro isso é mostrado
quando Olga, depois de vivenciar o amor nos braços de Marisa, entra em contato
com o seu ex-marido, Carlos, para expor suas razões e buscar de certa forma que
ele a perdoe por tudo que ela lhe fez passar durante o tempo em que estiveram
juntos.
Uma
das coisas que mais me chamaram a atenção na obra foi a autora usar em cada
capitulo da obra um nome de flor, homenageando a profissão de uma das
protagonistas do romance. Salienta, ainda, a delicadeza, fortaleza e beleza
existente nas flores e como cada mulher pode representada por cada uma delas.
As
mensagens trazidas por “Mulheres que não sabem chorar” são que reconcliar-se
com o passado é algo que deve ser feito a fim de esclarecer os nossos porquês,
por erramos demasiadamente com os outros, pelo fato de estarmos vivenciando uma
mentira impostamente socialmente e por nós mesmos com o objetivo de sobreviver
neste mundo hipócrita e conversador; que o amor é um sentimento avalassador e
pode nos levar a cometer atos terríveis contra nós e a pessoa que amamos; devido
a pressões sociais, acabarmos vivenciando uma vida dupla para não expressarmos
a nossa real face e evitar represálias sociais; encontrar a pessoa que tanto
desejamos encontrar é algo que acontece quando menos se espera; uma relação
sexual entre mulheres é intensa e ao mesmo tempo leve, por elas focarem em
explorar seus corpos sem pudores; ressaltar um papel dominador machista que
acontece em muitos casos mesmo em uma relação heterossexual; que o preconceito que
existente em relação a homossexualidade faz com que muitas pessoas a vivenciem
tardiamente em suas trajetórias, podendo libertá-las ou aprisioná-las
dependendo de como as pessoas envolvidas conduzem o seu relacionamento.
A
frase abaixo rege Marisa em relação a Olga e atualmente muitas histórias de
amor funcionam com essa mesma premissa.
Eu a amava, só não
sabia o que fazer com o amor.
Lilian Farias
Uma
música que ilustraria bem essa leitura, para melhor compreendê-la, seria Always,
interpretada por Bon Jovi:
Now your pictures that you left behind
Agora
suas fotos que você deixou para trás
Are just memories of a different life
São
memórias de uma vida diferente
Some that made us laugh
Algumas que nos fizeram rir
Some that made us cry
Algumas que nos fizeram chorar
One that made you have to say good bye
Uma que te fez dizer adeus
Link no qual poderá encontrar seu exemplar caso tenha
interesse em comprá-lo: http://www.editoraliterata.com.br/p/romances.html
Caso tenha interesse em conversar a escritora Lilian
Farias sobre a obra, seu perfil no facebook é:
E a fanpage do livro para quem se interessar
em compartilhar a sua experiência de leitura com outros.
Espero que tenham gostado. Em breve novas
resenhas!