quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Resenha do livro Imprensaaaaaaaaaaaaaaaaaa Gay

A obra da editora PUBLIFOLHA escrita pela jornalista Flávia Péret, retrata a cronologia da imprensa gay brasileira e suas muitas modificações em seu desenvolvimento e dedica um capítulo especial para a imprensa lésbica.


Podemos perceber que a autora ilustra fatos importantes no desenvolvimento da imprensa brasileira como, por exemplo: A circulação dos jornais em território brasileiro ter acontecido no século XIX.

As publicações com temática gay só vieram a surgir em meados do século XX em 1960 com o periódico Snob que falava do cotidiano gay e era distribuído de forma restrita.

No governo Ernesto Geisel surgia Lampião da Esquina que fora idealizado pelos jornalistas Aguinaldo Silva e João Silvério Trevisan;com um caráter mais politizado por denunciar de forma irônica o que acontecia no país e a relação da sociedade com os homossexuais, também dava espaço para o entretenimento.

Nos anos 1990, até o início do século XXI há o surgimento de um novo tipo de cultura homossexual e com o advento da internet ficou inviável custear um jornal com essa temática. Surgiram as revistas: Júnior, G Mazagine e Sui Generis e os portais: A capa e Super Pride.

Alguns desses meios passaram a explorar o universo das festas, pornografia e comportamento e, a parte política passou a ser consequentemente pouco abordada.

A imprensa feminista surgiu em 1852 com o jornal das senhoras desenvolvido por Joana Paulo Manso de Noronha e os temas tratados eram emancipação feminina e educação da mulher.

Dez anos depois, Júlia Albuquerque Sandy Aguiar começou a editar no Rio de Janeiro, O Belo Sexo onde exaltava a figura feminina,os seus desejos e fantasias mesmo que estes não estivessem de acordo com as convenções sociais.

Com as mulheres possuindo direito ao voto e entrando para o mercado de trabalho. Houve uma mudança significativa no conteúdo das publicações para o público feminino e passou-se a abordar questões como: machismo, questões de gênero e política.

No decorrer do tempo devido feministas e lésbicas participarem da luta contra o machismo e opressões. As publicações passaram a ter um viés mais marxista e lésbico.

Podemos visualizar isso em Brasil Mulher (1975–1980), Nós, mulher (1976-1978) e Charme com charme 1981.

A expressão Pink Money é pertinente quando se pensa em um público homossexual (masculino e feminino) com um poder aquisitivo maior em relação a muitos heterossexuais. E o fato que muitos optam por não ter filhos e demorarem mais para se casar acabam tendo uma vida cultural e noturna mais intensa, surgimento de um caráter festivo das paradas LGBT e da pornografia virtual as revistas lésbicas e gays tiveram de se adequar as mudanças de comportamento deste público já que mais aceitos socialmente do que em séculos anteriores desejavam consumir algo mais lúdico.

Exemplo de publicações contemporâneas: e Um outro olhar(1988–1995), Revista femme(1993-1995),Sobre elas(2006), e Entre elas(2008).

Apesar dessa liberação existente na mídia muitas revistas e jornais homossexuais passaram a não ser mais publicados por preconceitos de anunciantes em veicular suas marcas com o público LGBT, antigamente conhecido com GLS, e também pelo advento da internet que motivou as pessoas a migrarem para um novo meio de comunicação onde podiam acessar todas as informações em tempo real e também selecionar o que mais lhe interessa. 

Pontos que merecem destaque na publicação é a parte final em que são feitas entrevistas como os jornalistas Aguinaldo Silva e João Silvério Trevisan em que ambos falam da experiência de se desenvolver o Lampião da Esquina e de suas visões acerca do inicio da imprensa gay no Brasil, é quando percebemos as distinções no discurso de Silvério e Aguinaldo acerca do papel do jornal que ambos idealizaram e do procedimento tido como ideal de militância pela causa homossexual.

E também a cronologia feita das principais publicações e uma análise contundente de cada uma. A questão que a autora separou bem o que seria imprensa gay e lésbico/feminista. Explorou de que maneira o advento de novas tecnologias digitais fortaleceram o surgimento de novas fontes de comunicação com esse público e que revistas até existem só que uma tiragem menor do que no passado e jornais com ela são inexistentes nos dias atuais por seus altos custos e por ser um mercado altamente segmentado.

Trechos interessantes encontrados no livro que auxiliam na compreensão do desenvolvimento da imprensa homossexual no Brasil são os seguintes:

 “Nossa intenção era nos inserir no bojo de lutas mais amplas” - João Silvério Trevisan.

Essa “militância” está focada em três pontos: o que os gays consomem como se comportam e quem são seus ícones. Pedro Sampaio - Publicitário cita a expressão “militância de mercado” e a partir dela desenvolve a frase acima.


Flávia Perét


Caso tenha interesse em conversar com a escritora Flávia Péret , seu e-mail é: flaviaperet@hotmail.com

Espero que tenham gostado. Em breve novas resenhas! 

2 comentários:

  1. Este livro parece ser muito bacana! Quando participei de uma oficina sobre imprensa gay, aprendi alguns desses assuntos abordados.
    Parabéns pelo blog! Continue na luta :D
    Abraços
    http://www.benoliveira.com/

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  2. Agradeço demais os seus sábios conselhos em relação a elaboração de resenhas.

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